domingo, 22 de março de 2009

História da Matriarca Marfiza Teixeira Rodarte - Dona Zoca

A vida da Vovó Zoca,
Sua história vou narrar.
Vou contar em verso e trova,
Pois assim ela vai gostar.
Cem anos é muita coisa,
Para a gente relembrar.
Vamos fazer um resumo,
Para ela não se cansar.

Veio de uma família nobre,
Dos Rodarte lá da França.
Que não eram ricos, nem pobres,
Mas seu lema a esperança.
Sangue bom e destemido
Trazendo a fé como herança.

Tomáz Carlos Rodarte
Uano, seu apelido.
Maria José da Conceição,
Nenenha para os querido.
Foram nossos bisavós,
Que tiveram duas filhas,
Para eles, seus xodós.

Marfisa, a Marfisoca,
Zoca do Coração.
Iracema sua irmã,
Amigas até na separação.
Muito cedo se casaram
Com 2 irmãos Teixeira Malta,
Valdemar o seu marido,
Seu companheiro peralta.

Para descrever o vovô,
Tio Vicente lembra a feição.
A Marta ou Tia Maria,
A vovó quando jovem parecia,
Só comparar a descrição.

Do Capoeirão eles mudaram,
Para a terra de São Simão.
Japaraíba agora é seu nome,
O berço da narração.


Onze filhos eles tiveram,
Pois televisão não existia então.
Passaram dificuldade,
Mas fome não passou não.
Sua máquina de costura,
Era garantia de seu pão.

Tomáz, Edinho e Maria,
Três filhos se casaram por lá.
Conceição veio pra Lagoa,
Ensinar o B A ba.
Vovô tentando ficar numa boa,
Comprou Zebu, de raça o gado.
Mas este perdeu o valor,
E ele ficou quebrado
E o gado foi roubado.

De Monte Santo veio o ladrão,
Tomáz lhes conta a história,
Até existe gozação.
Um recorte de jornal
Existia até então.
Foi a leilão a fazenda.
Eta Brasil você não muda a lenda!

Decretada a falência,
Mudaram de São Simão.
Num carro de boi como este,
Pois não tinha nada não.
Levava somente uma tralha:
Esta máquina, cama e colchão de palha.

Sete filhos iam com ela,
Toninho no seu colo.
A história hoje se inverte,
Daqui de onde olho.
O caçula para ela não cresceu,
Por isto ele ainda é o xodó seu.

Só restaram 3 vaquinhas,
Boas e de estimação.
Querida, Violeta e Esperança.
E o cavalo Zaino,
Eta cavalo bão!
E o cachorro Peti,
Amigo fiel este cão.

Madrinha Regina, dama de companhia,
Pra trás não ficou não.
Quando o carro subia o morro,
Cantava triste uma canção.
Vovó chorando dizia:
- Nesta terra não volto não!

Chegou em Lagoa da Prata,
Na Estiva foi morar.
Famosa de assombração,
Dos escravos, este lugar.
Arrendada por cinco anos,
Foi a sua libertação.
Terra da prosperidade,
Vale da alimentação.
Recantinho da saudade,
Da paz lá do sertão!

Nair com seus poucos anos,
Foi a tábua de salvação.
Soprou arroz e fez farinha,
Para a grande sustentação.
Acordava de madrugada,
Ia com o Eurico pra escola.
Marta e Vicente iam a tarde,
Com os cadernos na sacola.
Jaime e Toninho eram pequenos demais,
Foram paparicados até quando rapaiz.

Mais tarde foram pra cidade,
Morar com a Conceição.
Eurico e Benjamim,
Alfaiates na profissão.
E a Marta pequenina,
Para ajudar na faxina.

Depois vovô alugou uma casa,
Na cidade foram morar.
No bairro chamado Manga,
Foi feliz neste lugar.
Nesta casa onde ela mora agora,
Com orgulho conta a história.
Comprou, engordando e vendendo porcos
Nisto, ela é boa de memória!

Quando seus pais morreram,
Deixaram pequena herança .
E dela sobreviveram,
O resto ficou na lembrança.
Com 67 anos ficou viúva,
E sua vida continuou.
Casaram todos os filhos,
Mas, ninguém a abandonou.

Hoje ela faz cem anos.
E sua história continua.
Deus lhe dê muita saúde,
Pra felicidade sua.

Esta hora é sagrada.
Lembre disto todo dia.
Na camisa está estampada,
O rosto da mulher amada!
O símbolo de quem confia,
Na união desta famia,
Em Deus e na oração.
Que nos fala esta canção!!!!

“Nossa Senhora me dê a mão
cuida do meu coração...”

Autoria: Sua filha Marta Rodarte

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